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domingo, 31 de agosto de 2008

Raduan Nassar e o choque da realidade

É preciso preparar o terreno antes de entrar em contato com as histórias de Raduan Nassar. Esse grande escritor da literatura brasileira produziu apenas três obras, mas foi o suficiente para torná-lo inesquecível. Talvez sejam mais conhecidas as versões cinematográficas de seus livros, contudo Nassar pode ser considerado, sem dúvida alguma, um grande autor.

Em Lavoura arcaica os conflitos familiares são tratados de forma lírica. Mas não se pode julgar apenas como poética a forma com que o jovem André narra sua fuga e seu retorno ao seio da família. "O tempo brincava comigo, o tempo se espreguiçava provocadoramente, era um tempo só de esperas, me guardando na casa velha por dias inteiros... ", conta o jovem que foge da fazenda onde morava com seus pais e irmãos para lançar-se numa fuga de si mesmo.



Por meio de relações incestuosas e, consequentemente, conflituosas, os valores morais são desafiados, um a um, neste belo romance. A tragédia se anuncia quando a instituição familiar é destruída por um ato vil provocado pelos membros da mesma estirpe. Não cabe aqui contar toda a história. Lendo você poderá tirar suas próprias conclusões sobre a obra.

No entanto, preste bem atenção caso queira mergulhar nesta incrível história "... deve sentar-se num banco, plantar um dos pés no chão, curvar a espinha, fincar o cotovelo do braço no joelho, e, depois, na altura do queixo, apoiar a cabeça no dorso da mão, e com os olhos amenos assistir os movimentos do sol e das chuvas e dos ventos, e com os mesmos olhos amenos assistir a manipulação misteriosa de outras ferramentas que o tempo habilmente emprega em suas transformações..."

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Para pensar...

Abaixo um poema de Jorge de Lima, poeta brasileiro falecido em 15 de novembro de 1953

O mundo do menino impossível

Por Jorge de Lima


Fim da tarde, boquinha da noite
com as primeiras estrelas
e os derradeiros sinos.

Entre as estrelas e lá detrás da igreja
surge a lua cheia
para chorar com os poetas.

E vão dormir as duas coisas novas desse mundo:
o sol e os meninos.

Mas ainda vela
o menino impossível
aí do lado
enquanto todas as crianças mansas
dormem
acalentadas
por Mãe-negra Noite.
O menino impossível
que destruiu
os brinquedos perfeitos
que os vovós lhe deram:
o urso de Nürnberg,
o velho barbado jagoeslavo,
as poupées de Paris aux
cheveux crêpes,
o carrinho português
feito de folha-de-flandres,
a caixa de música checoeslovaca,
o polichinelo italiano
made in England,
o trem de ferro de U. S. A.
e o macaco brasileiro
de Buenos Aires
moviendo da cola y la cabeza.

O menino impossível
que destruiu até
os soldados de chumbo de Moscou
e furou os olhos de um Papai Noel,
brinca com sabugos de milho,
caixas vazias,
tacos de pau,
pedrinhas brancas do rio...

“Faz de conta que os sabugos
são bois...”
“Faz de conta...”
“Faz de conta...”
E os sabugos de milho
mugem como bois de verdade...

e os tacos que deveriam ser
soldadinhos de chumbo são
cangaceiros de chapéus de couro...

E as pedrinhas balem!
Coitadinhas das ovelhas mansas
longe das mães
presas nos currais de papelão!

É boquinha da noite
no mundo que o menino impossível
povoou sozinho!

A mamãe cochila.
O papai cabeceia.
O relógio badala.

E vem descendo
uma noite encantada
da lâmpada que expira
lentamente
na parede da sala...

O menino pousa a testa
e sonha dentro da noite quieta
da lâmpada apagada
com o mundo maravilhoso
que ele tirou do nada...

Chô! Chô! Pavão!
Sai de cima do telhado
Deixa o menino dormir
Seu soninho sossegado!

Eufemizando o créu na campanha eleitoral

Talvez ele soubesse o que significa eufemismo, mas, de certa forma, não estava entendendo bulhufas do que diziam os governantes. Era época de campanha eleitoral, nestes dias em que a TV, o jornal e o rádio parecem não enxergar mais nada além da discussão partidária. Como bons seletores de informação as empresas da mídia corporativa decidem o que devem, ou não, passar à sociedade. Nada é mais importante do que as últimas noticias sobre a agenda dos candidatos. Suas falas, provocações, carreatas e tudo mais. A eleição é o evento de maior significado para o Estado Democrático de Direito e sua mídia sensacionalista.

Cada cidadão, assim como eu e você, acorda todo dia bem cedo e ruma para o trabalho. No café da manhã saboreia demagogias, já, ao meio-dia, sua sobremesa é um bolo denso e carregado de palavreados e reflexões "eloqüentes". Mas tem um momento, em especial, que o camarada quase perde a cabeça: na hora em que chega em casa. Depois de uma jornada de trabalho duríssima ele ainda é obrigado a jantar com os próceres da democracia representativa.

É de dar pesadelo. Quando está tentando pegar no sono começa a pensar nos momentos vividos durante o dia. É impossível não recordar de alguma demagogia midiatizada. O eleitor em questão já tem certa capacidade de julgar a sociedade de forma crítica. Não é daqueles que acha que tanto faz quem sairá vitorioso do pleito. Aliás, ele “quase” se filiou a um partido político, o qual julgava ter mais "afinidade". Eu digo “quase”, porque o coitado levou um baita susto quando soube das alianças que o partido estava fazendo para chegar ao poder.

Na verdade, a essas alturas, ele já pegou no sono. Não será uma noite tranqüila. Amanhã se repetirá toda a rotina da semana. Domingo é o grande dia e ele já está cansado da falação do horário eleitoral. Sabe que o político mais astuto, com mais coligações partidárias, representante das principais siglas do poder político nacional, tem mais tempo para expor as suas idéias e, apesar de ser o que mais se afunda em prolixidade, é, também, o que mais possui recursos para exercer influência sobre o eleitorado.

O cara está de saco cheio de políticos que “falam de mais por não ter nada a dizer”, como cantarolava o grande poeta Renato Russo. Mas, tudo bem. Ele já está decidido em quem vai votar mesmo. Além do poder executivo, cabe ao sabido eleitor selecionar aqueles que irão compor o poder legislativo. Quanta responsabilidade. Ele começa a ficar nervoso. Todo dia houve o noticiário falar mal de políticos de outros países da América Latina. Deve ser por que é subdesenvolvida - conclui o pobre cidadão. É o tal do Hugo Chávez e sua turma de latino-americanos convictos. O cara não sabe nem bem o porquê, mas não concorda com tudo aquilo que se fala sobre eles nos jornais do maior partido do Brasil, a Rede Globo.

Certo dia ele ouviu alguém dizer que a TV é o meio de comunicação mais assistido no país e a Rede Globo é a campeã de audiência. Falaram que a Venezuela e a Bolívia são maus exemplos para os "americanos do sul” e que os EUA estão "libertando o Iraque", já com planos de libertar também os latinos. Mas libertar de quê mesmo? Ah! Isso ele não sabe...

Ouviu dizer que as principais cidades brasileiras estavam "re-urbanizando" os centros e o MST era um grupo "terrorista" e "perigoso". Quanta sacanagem estão tentando fazer com o coitado. Neste dia, ele ficou muito preocupado. Afinal, ele já tem uma idéia de como seu voto é "importante". Está convencido de que pode mudar o mundo através do voto. Será a porta de entrada para acabar com tudo o que está de errado na política, basta escolher bem o candidato - sentencia em sua última reflexão antes de ir às urnas.

Ao sair de casa lembra das músicas que gosta de ouvir. Odeia cultura popular. Acredita que um candidato afinado com a alta cultura irá pôr fim àquelas músicas de baixo calão, muitas das quais se misturam aos "hits" da campanha eleitoral. O voto transforma - pensa ele! Neste momento vem a mente uma música de sucesso, sabe que representa bem o que os donos do poder estão fazendo com a gente, há mais de 500 anos - a velocidade é lenta. Não consegue lembrar o nome. É a dança do que mesmo? Deixa pra lá... ele não gosta de ouvir essas coisas.

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Sua obra é imortal

No dia 14 de agosto de 1956 morreu, em Berlim, o poeta e dramaturgo alemão, Bertolt Brecht (foto). Sua obra tem forte influência entre os movimentos sociais brasileiros e suas idéias estão cada vez mais atuais. Foram diversas produções de destaque durante a trajetória poética e política desse grande pensador do século XX. Entre elas, pode-se destacar: "A Vida de Galileu", escrita na época em que Brecht estava no Exílio - uma prova da importância de exilar-se para refletir melhor sobre as coisas. Tal peça remonta a relação entre ciência e sociedade, dentro do modelo em que Galileu trabalhava, sendo considerada uma das principais obras do dramaturgo.

A proposta de Brecht sempre esteve baseada em ser, pensar, transmitir e fazer saber. Não apenas comunicar, mas passar para os outros, através da arte, tudo aquilo que somos e o que podemos ser. Bastando, para isso, pensar a sociedade de forma crítica e buscar, no dialogo, as condições necessárias para superarmos as relações de opressão e desigualdade.

Ele conseguiu abordar os conflitos sociais como ninguém. A relação de reciprocidade entre público e artistas marcou a sua trajetória. Para Brecht, o ator não deveria apenas representar, era sua obrigação avaliar o papel que estava interpretando. A música, a narrativa, a reflexão, a troca de papéis entre os atores durante o espetáculo e tantas outras técnicas, deram o tom revolucionário ao Teatro Épico, revitalizado pelo dramaturgo.

As obras falam por si

Brecht falou à sociedade para não cair na asneira de ser um "analfabeto político". Mostrou que "nada é impossível mudar". Alertou para o perigo "das margens" que oprimem o rio. Provocou cada um de nós para respondermos: "de que serve a bondade?". Ele sabia que, "na guerra muitas coisas crescerão", e fez questão de ressaltar: "quem se defende" o faz, porque não quer se permitir viver. Deste modo, motivados pelas "perguntas de um trabalhador que lê", arrancamo-lhes a "máscara do mal" e "refletindo sobre o inferno", chegamos a conclusão de que, assim como Brecht, não "nescessitamos de pedra tumular". Mas, "nós as aceitamos, por tal inscrição e estaríamos todos honrados se fôssemos infinitos"; como, certamente o é, este grande pensador.


*Em vermelho e itálico foram destacados alguns dos títulos marcantes da obra de Brecht.

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Os Verbetes de Georges Bourdoukan

O texto que publico a seguir é do jornalista e escritor, Georges Bourdoukan, para mim um dos melhores articulistas da revista Caros Amigos, publicação mensal da editora Casa Amarela.

A revista é, sem dúvida nenhuma, uma das publicações mais significativas que surgiram na última década a nível nacional. Infelizmente, o poder econômico ataca de forma grotesca as publicações independentes e estas sobrevivem graças a alguns "militantes da boa leitura", os quais assinam ou compram periodicamente tais publicações. Relato isso porque uma triste realidade vem assombrando os leitores assíduos da Caros Amigos: de 2006 até 2008 a tiragem da revista diminuiu em 10 mil exemplares. Uma lástima. Já que milhares de pessoas podem estar deixando de ter contato com assuntos importantes, relatados de forma séria, crítica, responsável e com a escrita mais agradável e simples possível.


De volta ao texto...

*Bom, na edição de Agosto/2008, a revista Caros Amigos publicou os Verbetes da Manipulação Midiática, escrito por Bourdoukan, vale a pena a leitura:


VERBETES
MANIPULAÇÃO MIDIÁTICA

*Georges Bourdoukan

Ditador: É a denominação que a mídia dá a um presidente eleito democraticamente que age de acordo com a Constituição. Exemplo: Hugo Chávez.
Presidente: É a denominação que a mídia dá a quem aprova leis ditatoriais, invade nações para apossar-se de suas riquezas, assassina mais de um milhão de seres humanos; constrói muros segregacionistas; é contra o Tribunal Penal Internacional e os protocolos de Kioto. Exemplo: George W. Bush.
Incursão: Assim a mídia denomina a invasão de um país
Tutela: É o sinônimo que a mídia dá a ocupação do Iraque pelos Estados Unidos da América
Terrorista: Assim a mídia denomina o revolucionário que luta contra o jugo colonialista. Exemplo: iraquianos, afegãos e palestinos.
Suicida: Denominação que a mídia dá ao prisioneiro assassinado pelos carrascos estadunidenses nas prisões de Abu-Ghraib e Guantánamo.
Ataque cirúrgico: Assim a mídia repercurte quando um míssil estadunidense erra o alvo e causa a morte de civis. Três exemplos:
1)Assassinato da filha de cinco anos do presidente líbio, Muammar Kadhafi, em 1986;
2)Abate de um avião civil iraniano com 298 passageiros e tripulantes em 1988. Não houve sobreviventes.
3)Destruição de uma indústria farmacêutica no sudão em 1998..
Seqüestro: Se um soldado israelense é capturado quando invade o Líbano ou a Palestina, a mídia diz que foi seqüestro.
Captura: Se um palestino ou libanês é seqüestrado pelas tropas invasoras, a mídia diz que foi capturta.
Incidente: Dá-se quando tropas de Israel ou dos Estados Unidos massacram centenas de civis palestinos, iraquianos e afegãos.
Massacre: Dá-se quando palestinos, iraquianos e afegãos matam dois ou três soldados de Israel ou Estados Unidos.
Assentamento: Denominação que a mídia dá à usurpação de terras palestinas por invasores israelenses.
Conflito: Assim a mídia denomina a invasão e ocupação da Palestina por tropas de Israel.

Blog do Boudorkan: http://blogdobourdoukan.blogspot.com/

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

A emancipação da mulher está aliada à luta classes

É necessário repensar alguns conceitos com o intuito de projetar uma transformação social que seja, além de antiburocrática, específica, no que diz respeito à singularidade das pessoas.

O “singular” distingue-se do “individual”; homens e mulheres precisam reconhecer suas próprias singularidades, pois, quando estas são colocadas em direção oposta, bem ao gosto da ideologia liberal, chocam-se e caem no senso comum do “machismo” e do “feminismo”. A luta por uma sociedade mais justa é a luta de classes, de trabalhadores e trabalhadoras, de todo aquele que sinta-se oprimido por este sistema excludente e arcaico.

A igreja tem papel preponderante no que tange a limitação das ações humanas, dignas de punição caso sejam opostas a sua retórica conservadora. Com papéis bem definidos, os homens passam a subjugar as mulheres e os filhos. A ganância de quem detém os meios de produção, geralmente representado por figuras masculinas, se reproduz nas micro-relações de poder, ou seja, na própria família. Homens e mulheres são seres humanos, isso os caracteriza como iguais perante Deus, mas, na prática, cada um têm suas tarefas preestabelecidas antes mesmo de nascer.

Os estereótipos, ratificados pela mídia corporativa em shows, novelas e programas de entretenimento, são um desrespeito as diferenças e igualdades. Desrespeito às mulheres e aos homens, a todo aquele que não consegue ficar omisso diante das idiotices produzidas pela classe dominante. Portanto, para não emperrarmos na dicotomia machismo/feminismo, precisamos renovar o classismo.

Sabe-se que é obrigação do Estado socializar as relações de trabalho, as quais oprimem tanto a mulher, quanto o homem. Justiça seja feita, mais a mulher do que o homem, em função da dupla jornada de trabalho. Mas é obrigação de todo homem, ou, ao menos daquele que se diz socialista, contribuir para a eliminação dessa atividade. Não basta apenas um discurso enganjado na eliminação das diferenças sociais, é preciso demonstrar, na prática, a ação política. Principalmente no interior da vida privada.

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

1968: o ano das transformações

Há 40 anos, jovens de todo o mundo saíram às ruas em busca de liberdade e justiça

Desde 1968 o mundo não é mais o mesmo. Uma série de acontecimentos políticos e sociais mudaram a forma conservadora, preconceituosa e acomodada com a qual a sociedade interpretava a realidade. Movimentos sociais, culturais e políticos desafiaram a ordem vigente, tomando as ruas em busca de justiça social e liberdade. A discussão sobre o uso da pílula anticoncepcional, a igualdade entre os sexos, a liberdade sexual, tudo indicava que o mundo estava passando por um processo dialético. Cabelos e barbas cresciam, as saias e os preconceitos diminuíam; o Rock and Roll dava o tom e a tropicália reinventava a identidade nacional brasileira.

No Brasil, o ano de 1968 foi marcado pela atuação do movimento estudantil. Desde 1964, a idéia do regime militar brasileiro era acabar com todas as formas de organização. A política da época era voltada para a privatização do ensino, modelo importado dos EUA, que visava direcionar a formação dos jovens exclusivamente para o mercado de trabalho.

Em março de 1968, o Brasil presenciou o enfrentamento entre o poder institucionalizado e repressor e a resistência militante. No Rio de Janeiro, estudantes reunidos no restaurante Calabouço realizaram uma manifestação contra a má qualidade do ensino e a manutenção do local como um ambiente público. Durante o ato um dos estudantes da Frente Unida dos Estudantes do Calabouço (FUEC) foi morto pelos militares. “O tiro que acertou o estudante Edson Luiz, foi o mesmo que acertou o coração do Brasil”, relembra Elinor Brito, Coordenador da FUEC. Três meses após esse episódio o Rio de Janeiro foi tomado por mais de cem mil pessoas, pedindo o fim da repressão e dos anos de chumbo.

Em outubro de 1968, durante as Olimpíadas do México, os esportistas norte-americanos: Tommie Smith e John Carlos, primeiro e terceiro lugares na prova de atletismo ergueram seus punhos cerrados ressaltando o poder negro. Esse acontecimento levou o Comitê Olímpico Internacional a expulsar os atletas dos jogos. O que preocupava os “donos do poder” era a reverência ao maior grupo negro organizado da história: o Partido dos Panteras Negras, responsável pela conscientização do povo negro sobre seus direitos e pela luta contra a opressão e o preconceito, frutos do capitalismo.

Talvez o fato que melhor identifique o que representou o ano de 1968 esteja em Paris. Em maio de 1968, jovens franceses disseram não ao fechamento das universidades e uniram-se aos trabalhadores contra as políticas obscuras do general Charles De Gaulle. As barricadas dos estudantes franceses estão vivas até hoje na memória e nas ações de todo indivíduo que desafia o poder e procura transformar a realidade.

Seminário

De 12 a 16 de maio de 2008 o Instituto Mário Alves (IMA) realizou o seminário: 1968 – 40 anos depois, que contou com a presença de estudantes e representantes dos movimentos sociais. Durante a atividade estiveram presentes sociólogos, historiadores e militantes políticos. Para mais informações, acesse o blog: http://seminario1968.blogspot.com

“Quanto mais amor eu faço, mais vontade tenho de fazer a revolução. Quanto mais revolução faço, maior vontade eu tenho de fazer amor” (citação encontrada em muros na época)

*Texto publicado na edição de junho/julho do jornal ATENTO, informativo mensal da RádioCom 104.5

domingo, 3 de agosto de 2008

Sempre é bom ler a vida...

Reverência ao destino

Carlos Drummond de Andrade

Falar é completamente fácil, quando se tem palavras em mente que expressem sua opinião. Difícil é expressar por gestos e atitudes o que realmente queremos dizer, o quanto queremos dizer, antes que a pessoa se vá....

Fácil é julgar pessoas que estão sendo expostas pelas circunstâncias. Difícil é encontrar e refletir sobre os seus erros ou tentar fazer diferente algo que já fez muito errado...

Fácil é ser colega, fazer companhia a alguém, dizer o que ela deseja ouvir. Difícil é ser amigo para todas as horas e dizer sempre a verdade quando for preciso, e com confiança no que diz...

Fácil é analisar a situação alheia e poder aconselhar sobre esta. Difícil é vivenciar esta situação e saber o que fazer, ou ter coragem pra fazer.

Fácil é demonstrar raiva e impaciência quando algo lhe deixa irritado. Difícil é expressar o seu amor a alguém que realmente te conhece, te respeita e te entende. E é assim que perdemos pessoas especiais...

Fácil é viver sem ter que se preocupar com o amanhã. Difícil é questionar e tentar melhorar suas atitudes impulsivas e às vezes impetuosas, a cada dia que passa... Fácil é mentir aos quatro ventos o que tentamos camuflar. Difícil é mentir para o nosso coração...

Fácil é ver o que queremos enxergar. Difícil é saber que nos iludimos com o que achávamos ter visto... Admitir que nos deixamos levar, mais uma vez, isso é difícil. Fácil é brincar como um tolo. Difícil é ter que ser sério...

Fácil é dizer 'oi', ou 'como vai ?'. Difícil é dizer 'adeus'... Principalmente quando somos culpados pela partida de alguém de nossas vidas... Fácil é abraçar, apertar a mão, beijar de olhos fechados. Difícil é sentir a energia que é transmitida... Aquela que toma conta do corpo como uma corrente elétrica quando tocamos apessoa certa.

Fácil é querer ser amado. Difícil é amar completamente só...

Fácil é ouvir a música que toca. Difícil é ouvir a sua consciência...

Fácil é perguntar o que deseja saber. Difícil é estar preparado para escutar esta resposta...

Fácil é querer ser o que quiser. Difícil é ter certeza do que realmente és...

Fácil é sair com várias pessoas ao longo da vida. Difícil é entender que pouquíssimas delas vão te aceitar como você é e te fazer feliz por inteiro.

Fácil é chorar ou sorrir quando der vontade. Difícil é sorrir com vontade de chorar...

Fácil é beijar. Difícil é entregar a alma...

Fácil é ocupar um lugar na caderneta telefônica. Difícil é ocupar o coração de alguém...

Fácil é sonhar todas as noites. Difícil é lutar por um sonho. Eterno, é tudo aquilo que dura uma fração de segundo, mas com tamanha intensidade, que se petrifica, e nenhuma força jamais o resgata.

Fácil é ferir quem nos ama. Difícil é tentar curar esta ferida...

Fácil ou difícil, essa é a nossa vida!!! E ela está em nossas mãos.


“A dor é inevitável. O sofrimento é opcional…” (Carlos Drummond de Andrade)

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Trabalho X Saúde

Dados da Associação Nacional de Medicina do Trabalho revelam que, em 2006, foram registrados mais de 500 mil acidentes e diagnósticos de doenças, relacionados a prática profissional. De um lado, está a burocracia dos poderes governamentais, aliada a uma atuação deficitária das políticas públicas na área da saúde, do outro, os níveis cada vez mais absurdos de exigência nas empresas, fábricas, bancos, etc. O trabalhador é apenas uma peça na engrenagem do sistema. Se "falhar" ou "pifar", troca-se por outra em melhores condições para executar as tarefas. A luta pela sobrevivência, em meio a desigualdade, faz com que os trabalhadores se digladiem por um espaço, mesmo que arcaico, dentro da máquina burocrática do Estado. Os resultados podem ser desastrosos.

Abaixo algumas doenças relacionadas ao mundo do trabalho:

LER (Lesão por Esforço Repetitivo)

Stresse, má postura e excesso de trabalho podem causar lesões por trauma cumulativo. As LER são diagnosticadas na prática dos mais variados tipos de trabalho. As exigências das empresas para que se atinja metas e objetivos cada vez mais absurdos, condicionam os empregados a uma situação desgastante, podendo levar a incapacidade funcional dos membros superiores.

PAIR (Perda Auditiva Induzida por Ruído)

Todos estamos expostos diariamente a ruídos dos mais variados tipos. Os ruídos urbanos são provocados por motos, aparelhos de som, obras, etc. O problema se agrava quando o trabalhador é submetido a ruídos por mais de 8h diárias, ultrapassando os 85 dB. Os operários de metalúrgicas, serrarias, siderúrgicas, agricultores, pescadores e trabalhadores de indústrias em geral, são os mais afetados pela perda auditiva. Como agravante, está o fato de que todo o sistema nervoso é afetado pelos ruídos. Isso pode provocar problemas em outras partes do corpo também.

Em 2001, o Ministério da Saúde divulgou, por meio do Manual de Procedimentos para os Serviços de Saúde, as seguintes doenças do sistema nervoso relacionadas ao trabalho:

*Ataxia cerebelosa
• Parkinsonismo secundário devido a outros agentes externos
• Outras formas especificadas de tremor
• Transtorno extrapiramidal do movimento não-especificado
• Distúrbios do ciclo vigília-sono
• Transtornos do nervo trigêmeo
• Transtornos do nervo olfatório (inclui anosmia)
• Transtornos do plexo braquial (síndrome da saída do tórax, síndrome do desfiladeiro torácico)
• Mononeuropatias dos membros superiores: síndrome do túnel do carpo ; outras lesões
do nervo mediano: síndrome do pronador redondo ; síndrome do canal de Guyon ;
lesão do nervo cubital (ulnar): síndrome do túnel cubital ; outras mononeuropatias dos membros
superiores: compressão do nervo supra-escapular
• Mononeuropatias do membro inferior : lesão do nervo poplíteo lateral
• Outras polineuropatias: polineuropatia devida a outros agentes tóxicos e polineuropatia
induzida pela radiação
• Encefalopatia tóxica aguda

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