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sábado, 18 de outubro de 2008

A relação da mídia com as siglas partidárias

Falta esclarecimento, mas sobra adulação ao político na hora do voto. Posicionar-se frente aos jogos de poder das siglas partidárias tornou-se um desafio. A sociedade, perdida e desinformada, é uma presa fácil para bajulações, trocas de favores e diversas outras estratégias desprezíveis utilizadas pelos candidatos, na busca afoita em chegar ao poder.

Desde a promulgação da constituinte de 1988, o Brasil passou a contar com uma infinidade de siglas partidárias, as quais representam, ou, pelo menos, "deveriam representar", a diversidade política e ideológica dos projetos existentes para o país.

É histórico esse processo, hoje, naturalizado no cenário nacional. Durante a ditadura militar, por meio da Lei Falcão, surgiu, no Brasil, duas siglas partidárias: a Arena - Aliança Renovadora Nacional - (criada com o objetivo de apoiar o regime) e o MDB - Movimento Democrático Brasileiro - (que fazia oposição ao regime, mas era, até certo ponto, controlada por ele)

Na década de 1980, vários partidos surgiram e outros saíram da clandestinidade, formando, assim, a atual conjuntura político-partidária brasileira. Para o professor de comunicação da PUC - RS, Osvaldo Biz, "ao longo da história do Brasil os partidos nunca tiveram um reconhecimento do público". Fator, esse, determinante para o não reconhecimento e a falta de identificação ideológica entre o candidato e a legenda que ele representa.

Um dos pontos centrais da discussão em torno da Reforma Política diz respeito, justamente, a fidelidade partidária. Os defensores da liberdade de consciência, na qual o político deve agir de acordo com as suas próprias convicções, e pode, dessa forma, entrar e sair de um partido sem necessariamente ser fiel ao programa, demonstra o quão grave se torna o voto destinado ao candidato, ao invés de se privilegiar o partido.

Não são raros os casos de políticos que mudam de uma sigla para outra, com a única intenção de atingir o poder. Essa troca desenfreada de legenda, corrobora com a falácia de que os "políticos são todos iguais". Biz, ressalta a existência de uma pequena legislação a caminho, a qual determina: "se o político mudar de partido, perde o mandato". Para o professor da PUC, grande parte das pessoas não têm consciência da importância do voto ideológico. Segundo ele, há uma relação de pouco apreço aos partidos, "ou, porque eles nascem de cima para baixo e a população não participa de suas formações, ou porque, as idéias giram em torno de um líder, o qual consegue ter ascendência sobre os outros, ou seja, os militantes seguem sem conhecimento do que o partido deseja, o que ele defende e qual é a sua proposta de fato"

"No Brasil ainda não temos partidos que possuam uma proposta clara e lutem para chegar ao poder com a intenção de colocar em prática seus programas. Hoje, são mais de 22 partidos registrados no TRE e as pessoas se perguntam: - o que diferencia um partido de direita para um de esquerda? Ou mesmo dois partidos de esquerda. Tudo isso leva a confusão na mente do eleitor, o que gera essa triste realidade eleitoral", ressalta Biz.

As constatações feitas pelo professor da PUC deixam claro que a mídia não faz uma análise sobre o papel do partido, do que ele representa. "A sociedade é privada das principais informações. É só prestar atenção no enfoque dos veículos de comunicação durante as campanhas eleitorais. O principal, para os "grandes meios de comunicação", é divulgar pesquisas de intenção de voto e mostrar aos espectadores quem está na frente", destaca Biz. Isso é mais uma forma de induzir o eleitor a votar em determinado candidato, excluindo novas possibilidades. A idéia proposta pela imprensa é de que a disputa já está definida. O eleitor poderá "jogar seu voto fora", caso não escolha os que estão a frente do processo.

Para o pesquisador, a mídia poderia fazer um trabalho maravilhoso de esclarecimento. Bastava chamar o eleitor, publicar qual a constituição dos partidos, o que cada um deles defende, a sua legislação, o seu programa. Atualmente, são 527 jornais no Brasil, com tiragem total de 7 milhões de exemplares. Segundo uma regra utilizada nas faculdades de comunicação, são cerca de 4 leitores para cada um dos jornais publicados. Portanto, são 28 milhões de pessoas que lêem jornais. "Mas, e os outros 150 milhões?", indaga.

Sem conhecer nada do partido, os votos acabam sendo concedidos pela amizade estabelecida com o candidato, ou, então, porque o aspirante ao cargo negocia votos em troca de benécies. Isso, além de ser ilegal, é uma lástima para a democracia. Ganha quem chegar mais rápido no potencial eleitor, for capaz de conseguir mais aliados e se tratar de um exímio negociante. Infelizmente, estas estratégias nada têm a ver com a capacidade de governar para todos, por todos e com todos.

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