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quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Ostracismo para os vigaristas e carrocinha para os seus cães

Na antiga Grécia, quando se falava em ostracismo sabia-se que seriam afastados da vida política aqueles que ameaçavam a ordem democrática. Eles ficariam no exílio por um período de dez anos. Cabe lembrar que, na Atenas do líder Péricles, a democracia visava promover a participação de todos os cidadãos nos assuntos públicos e, por isso, a escolha dos representantes populares se dava através de uma espécie de sorteio. O princípio da igualdade norteava as relações de poder. Assim, tanto a isonomia (igualdade perante a lei), quanto a isagoria (direito à palavra), eram respeitados pelos habitantes das cidades-estado.

O conceito de democracia acabou sofrendo mutações com o passar do tempo. Hoje, qualquer um se acha no direito de falar em nome dos princípios democráticos. Isso vale, até mesmo, para defender a iniciativa privada e os interesses das multinacionais. Os empresários modernos, a exemplo do que fazia a aristocracia ateniense, condenam as ações oriundas da soberania popular, mas falam em nome dela quando os convém. Em seu tempo, Sócrates alertava que a aristocracia, na sua forma pura de governo, poderia dar lugar para uma forma pervertida, conhecida por oligarquia. Movimento responsável por beneficiar uma facção em detrimento do interesse da maioria. Para exemplificar, esse grupo pode ser composto por empresários da comunicação, os quais se opõem à iniciativas que buscam discutir a descentralização da mídia. Nos últimos meses, a aristocracia nacional, como já é de costume, colocou seus vira-latas para latir contra os movimentos sociais. Dessa vez, o alvo dos "cãomunicadores" foi a Conferência Nacional de Comunicação (Confecon).

Calma, a Confecom não é a carrocinha!

A Confecon assustou os aristocratas da mídia nacional, os quais, prontamente, colocaram seus cães de guarda para rosnar contra as mudanças propostas pelos midialivristas de todo o país. Os chamados "grandes meios de comunicação" fizeram pouco caso da "ecclesia" (assembléia geral) dos populares. Além disso, os empresários e os seus "melhores amigos" não quiseram participar das discussões pretendendo, com isso, boicotar a conferência. Os "cãomunicadores" sabem como ninguém preparar discursos eloqüentes e depois vendê-los ao público em nome de uma falsa defesa dos "interesses democráticos". Os artigos assinados pelos cães de guarda do poder econômico são patrocinados pelos "restos" deixados pelos grandes acionistas, mas, como bons cachorrinhos, os articulistas balançam o rabinho sempre que seus donos lhes dão um novo osso para roer.

Dessa vez, no entanto, o osso era um pouco mais duro, já que até o predidente Lula incentivou a organização e a realização da conferência. Um dos mais adestrados cãezinhos da mídia golpista, como sempre o faz, logo tratou de vociferar contra Franklin Martins, ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (SECOM). Como se não bastasse, o rosnento tentou denegrir a imagem de todos que participaram da Conferência. Chamou a todos de "vigaristas", o que me fez lembrar de um personagem, o cachorrinho Muttley, que às vezes é confundido com o rabugento. Este articulista é bem conhecido, mas vamos chamá-lo de Muttley dos empresários da comunicação, estes sim, muito semelhantes ao dono do canino, o conhecido Dick Vigarista. A analogia representa bem a relação entre os empresários e os comunicadores da mídia gorda e sarnenta

Cão que se preza é bem adestrado!

Em sua coluna na revista que, ao contrário do que pressupõe o próprio nome, está cada vez mais cega de ódio das camadas sociais menos favorecidas, "Muttley" esbanja cinismo e hipocrisia. Um verdadeiro cãozinho da elite brasileira, rindo incontrolavelmente das trapalhadas cometidas por ele e seu comparsa. Late, mas não tem força para morder. Não tem argumentos e, por isso, sua agressão soa ridícula. No artigo do canino, aqueles que lutam para fazer valer um direito assegurado na Constituição Federal são criminalizados, já os que se insuflam para conservar as desigualdades são considerados grandes empreendedores.

O que assusta esse vira-lata da imprensa canina é, justamente, o debate sobre a democratização da comunicação, o qual, para seu desespero, não se dá pelo empenho do Governo Lula, mas pela luta dos movimentos sociais. Os militantes da contra-informação parecem, enfim, estar compreendendo que os avanços não virão pela via institucional e foram atrás da realização deste importante encontro.

Confecon quer que a população fiscalize a cachorrada!

Na conferência foi aprovada a criação do Conselho Nacional de Comunicação e, também, a divisão equitativa do espectro entre o sistema público e privado - 40% para cada um - sendo que ainda restam 20% para o estatal. Só a criação da TV Brasil, mesmo com suas limitações, já representa um primeiro passo na direção oposta a lógica dos canais comerciais. A qualidade técnica da emissora é discutível, mas o conteúdo, sobretudo as reportagens, concentram esforços numa programação mais lúcida e crítica do que a veicuada pelos canais tradicionais.

Uma TV melhor e mais democrática não é uma exigência, é um direito de todos os brasileiros. As concessões públicas, entregues nas mãos dos vigaristas de plantão, produzem mercadoria de segunda, que é importada dos EUA para ser recauchutada no Brasil. A falta de espaço para o contraditório e o monopólio da expressão, disfarçada de "liberdade", coloca o Brasil numa situação envergonhante. Um dos países onde a desigualdade social é crônica, mas as redes de TV nada falam sobre o assunto.

É o "reino" da democracia às avessas, onde os cães querem ser seus "amigos", tratam o receptor por você e dão boa noite antes de encerrar suas "apresentações adestradas". É costume desses tais "cãomunicadores", convidarem o telespectador a sonhar com um mundo melhor, cheio de riqueza e ostentação. Um mundo distante da realidade material da maior parte do povo brasileiro, mas que ocupa o espaço das pautas realmente importantes nos noticiários. Enquanto eles aprendem um novo "truque" para agradar seus donos, a maior parte da população fica às cegas sobre os processos democráticos que realmente interessam. Se implementadas, as proposições aprovadas na Confecom poderão, ao menos, "tosar" as ardilosas artimanhas desses infaustos caninos e atingir, quem sabe, seus comparsas vigaristas.

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