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domingo, 13 de dezembro de 2009

Seminário mantém viva discussão sobre a indústria cultural

No início deste mês estive em São Leopoldo, participando do 4° Seminário de Pesquisa Cepos. Este evento é promovido pelo Grupo de Pesquisa Comunicação, Economia Política e Sociedade (CEPOS), que está ligado ao Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação da Unisinos. O convidado especial do encontro foi o professor José Marques de Melo, presidente de honra da Intercom e uma das maiores autoridades na área de pesquisa em comunicação do Brasil.

Na fala de Marques de Melo, destaque para o pensamento do sociólogo Armand Mattelard, com enfoque nos estudos da tecnologia, cultura de massa e indústria cultural. Entre as diversas dicas de leitura citadas por ele, uma, em especial, chama a atenção. O livro "Para ler Pato Donald", escrito na década de 1970, em parceria com Ariel Dorfman. Na época, o Chile enfrentava uma dura investida norte-americana para acabar com o governo socialista do então presidente Salvador Allende. Hoje, este país vive um novo processo eleitoral e, infelizmente, a direita parece, mais uma vez, próxima do poder. De um lado, Sebastián Piñera, empresário chileno e membro do partido Renovação Nacional. Do outro, Eduardo Frei, do Partido Democrata Cristão, apoiado pela atual presidente, Michele Bachelet. O comunista, Jorge Arrate, obteve apenas 6% dos votos e deve ficar ao lado de Frei no segundo turno das eleições, marcado para janeiro de 2010.

Examinar as construções simbólicas da Walt Disney, através dos quadrinhos, e a posterior ascensão destes desenhos ao circularem pelos cinemas do mundo todo, requer a leitura sobre as mudanças políticas e econômicas que ocorreram no século XXI. Hoje, Pato Donald e sua turma não tem mais a mesma influência que tinham naquela época, porém, outros são os heróis da juventude e, muitas outras, as estratégias de persuasão.

Para elucidar esta análise, gostaria de evocar uma situação que é recorrente para os autores do livro. Além de denunciarem o interesse econômico, que rege todo tipo de relação entre os personagens, a visão hollyudiana sobre os países da América Latina se revela singular. Passados mais de 30 anos da publicação do livro de Dorfman e Mattelard, todos sabem que o cenário político mudou e segue em constante tranformação. Porém, a atual situação econômica dos EUA está muito mais próxima da recessão de 1970 do que em outras épocas. A crise do petróleo que atingiu o país, em 1973, foi uma retaliação dos países árabes (pertencentes a Organização dos Países Exportadores de Petróleo - OPEP), aos norte-americanos, por apoiarem Israel na guerra Yom Kippur. A mudança no cenário político, não só da América do Sul como também do Oriente Médio, aponta para transformações significativas na estratégia de dominação dos EUA, que busca reafirmar seus valores maniqueístas. Mais do que nunca as antigas ferramentas de manipulação mostram que ainda podem ser úteis e, por isso, a reflexão sobre o tema é de extrema relevância histórica e social.

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