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sábado, 27 de novembro de 2010

5º Seminário de Pesquisa CEPOS

Programação:08:30 – Abertura
Autoridades acadêmicas (internas e externas)

09:00 – Mesa 1: Digitalização e desenvolvimento
Expositor: Prof. Dr. Valério Cruz Brittos (UNISINOS)
Expositor: Prof. Dr. César Bolaño (UFS)
Expositor: Prof. Dr. Martín Becerra (UNQ) – Argentina
Mediador: Prof. Dr. Inácio Neutzling (UNISINOS)

10:45 – Exposição de livros do grupo (intervalo)

11:00 – Mesa 2: Inovação e movimentos
Expositor: Prof. Dr. Sérgio Augusto Soares Mattos (UFRB)
Expositor: Prof. Dra. Maria Trinidad Garcia Leiva (UC3M – Espanha)
Expositor: Prof. Ms. Luciano Correia dos Santos (UFS)
Mediador: Prof. Dr. César Steffen (FTEC)

12:30 – Almoço

14:00 – Mesa 3: Estratégias e conteúdos
Expositora: Profa. Dra. Sandra Reimão (USP)
Expositor: Ms. Andres Kalikoske (UNISINOS)
Expositor: Msto. Denis Gerson Simões (UNISINOS)
Expositora: Msta. Rafaela Barbosa (UNISINOS)
Mediador: Prof. Dr. Sérgio Endler (UNISINOS)

15:45 – Mesa 4. Audiovisual e cidadania

Expositor: Prof. Dr. Roberto Ramos (PUCRS)
Expositora: Profa. Dra. Jacqueline Dourado (UFPI)
Expositora: Ms. Carine Felkl Prevedello (UFSM)
Expositoras: Ms. Ana Maria de Oliveira (UNISINOS); Ms. Maíra Bittencourt (UNISINOS)
Mediadora: Profa. Suzana Kilpp (UNISINOS)

17:30 – Exposição de teses, dissertações e monografias do grupo (intervalo)

17:45 – Mesa 5. Sociedade e alternativas
Expositor: Prof. Dr. João Miguel (UEM – Moçambique)
Expositores: Prof. Dr. Bruno Lima Rocha Beaklini (UNISINOS); Ms. Rodrigo Jacobus (UFRGS); Rafael Cavalcanti Barreto (FITS)
Expositoras: Profa. Dra. Nadia Helena Schneider (Sec. Municipal de Educação Dois Irmãos); Profa. Ms. Paola Madeira Nazário (UNISINOS)
Expositor: Msto. Eduardo Menezes (UNISINOS)
Mediadora: Profa. Dra. Paula Puhl (FEEVALE)

19:15 – Encerramento (avaliação e planejamento)
Prof. Dr. Valério Cruz Brittos (UNISINOS)
Prof. Dr. Martín Becerra (UNQ)
Todos os participantes.

Mais informações: Clique AQUI

Escândalos políticos e barrigadas no processo eleitoral

No último dia 31 de outubro, teve fim mais um processo eleitoral no Brasil. A candidata petista, Dilma Rousseff, saiu vitoriosa não apenas nas urnas, mas também na sua relação com os meios de comunicação. Desde a redemocratização do país, em 1985, quando José Sarney assumiu a presidência da República e acabou o regime militar, percebe-se, mesmo com toda dificuldade imposta pela mídia, um amadurecimento da sociedade em períodos decisivos para os rumos nacionais. Ao mesmo tempo, momentos fundamentais para a vida política brasileira – como os anteriores às eleições, incluindo as definições internas de cada partido – são conformados longe dos olhos da maior parte dos eleitores e, para piorar, encobertos pelas lentes distorcidas dos grupos de comunicação hegemônicos.

Basta observar quais pautas estiveram em destaque nos canais de TV durante os dois meses e meio de campanha, como tais temáticas foram abordadas e, além disso, quem foram os protagonistas destes fatos, para perceber que, a disputa de 2010, se deu bem ao gosto dos canais comerciais, com factoides para todos os lados. As reportagens cômicas do Jornal Nacional (JN), ao fim favoráveis ao candidato tucano, José Serra, e as declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Portal Terra, em repúdio a alguns órgãos de imprensa, contrastando com sua postura nos oito anos de governo, estão, ao menos, obrigando os meios de comunicação a assumir que têm lado.

Quebra de sigilo e tráfico de influência

A investida do PSDB para desqualificar sua principal adversária contou com a acusação à petistas pela quebra do sigilo fiscal da filha do candidato peessedebista, Verônica Serra. Uma manobra arriscada que rendeu acusações de ambos os lados, repercutiu no segundo turno e esquentou mais os ânimos entre os partidos. Na busca por alcançar a candidatura do PT, os tucanos miraram com força em Erenice Guerra, então ministra-chefe da Casa Civil. Antes de assumir esse cargo, ela atuava como secretária-executiva de Dilma, porém, após a acusação de tráfico de influência na Casa Civil, teve de ser afastada e execrada pelo governo. Os veículos de comunicação aliados à candidatura de Serra não fizeram nenhum esforço para demonstrar a propalada imparcialidade durante a cobertura dos fatos e, tão logo os ânimos se acirraram, o jornal Estado de S. Paulo, por exemplo, assumiu em editorial apoio inequívoco ao candidato do PSDB.

As agressões pessoais e as denúncias de irregularidades, envolvendo nomes próximos aos dois candidatos que despontaram para o segundo turno, passaram a ocupar o espaço das discussões, sobrepondo-se ao debate dos projetos políticos para o país. Ao invés de propostas, petistas e tucanos apresentaram suas imagens, tentando descolá-las de qualquer indício de participação nos casos investigados pela Justiça. O rebaixamento do discurso foi ruim para os dois lados, mas revelou-se ainda pior para a credibilidade da política nacional, pois o processo democrático acabou arranhado, mais uma vez, em função do debate egocêntrico dos candidatos e da cobertura cenográfica da mídia. É a política sem política, numa reconstrução pós-moderna dos processos de fixação dos rumos públicos.

Inversões e lavagem de dinheiro

O que os tucanos não queriam aconteceu. Após as denúncias da quebra de sigilo de Verônica Serra, as investigações da Polícia Federal (PF) intensificaram-se e descobriu-se que a ação poderia fazer parte de uma guerra interna do PSDB. O jornalista Amaury Ribeiro Júnior ganhou destaque na mídia e garantiu à PF que agia em nome do jornal Estado de Minas, o qual, supostamente, estaria defendendo o nome de Aécio Neves nas prévias tucanas, como candidato à presidência. Conforme o próprio jornalista, sua atuação opunha-se ao deputado Marcelo Itagiba (PSDB-RJ), o qual, a mando de Serra, faria o mesmo contra Aécio para assegurar a vitória de seu aliado numa possível disputa interna.

A exatos 11 dias antes da votação decisiva para o pleito presidencial, um despachante chamado Dirceu Garcia concedeu entrevista exclusiva ao repórter César Tralli, da TV Globo, confirmando que havia recebido dinheiro para intermediar todo o esquema. A reportagem tentou levantar suspeitas de que a quebra de sigilo estaria ligada à candidatura petista e não falou sobre o relatório Caribe, anexado ao inquérito da PF. A apuração feita por Ribeiro Júnior sobre a Operação Caribe deve render um livro chamado Os porões da privataria, no qual ele denuncia supostos crimes de lavagem de dinheiro e esquemas ilegais de financiamento durante o governo de Fernando Henrique Cardoso (FHC).

Em meio aos escândalos, o trivial

As reportagens descontextualizadas acabam sendo de difícil compreensão e, até mesmo, pouco atraentes, para a média da população. Sendo assim, o JN investiu em outra matéria, também no dia 20 de outubro, fazendo referência a uma suposta agressão de militantes petistas ao candidato tucano. O episódio teve grande repercussão, contudo, não foi a esperada pela produção do telejornal. A entrevista com o médico Jacob Kligerman, falando sobre a necessidade de realizar uma tomografia em Serra, após ele ser atingido por um objeto, o qual, no dia seguinte, seria identificado pelo perito Ricardo Molina como um rolo de fita crepe, deu tons de comédia ao caso.

Assim os canais de televisão enfeitaram os últimos dias da campanha. O escárnio feito com a inteligência do público pode ter contribuído para afetar a relação entre maioria dos telespectadores, mídia hegemônica e resultado eleitoral. Os programas de transferência direta de renda do governo Lula e as ações que provocaram o atual surto de desenvolvimento do país (com uma enorme expansão da classe média) são motivadores mais fortes no processo eleitoral do que um conjunto de acusações mal explicadas. Na verdade, os avanços na área social asseguraram uma melhora de vida considerável na maior parte da população brasileira, apesar das críticas passíveis de serem feitas, e isso não pode ser negociado no nível das agressões editadas ou, ainda, das liberdades midiáticas pouco discutidas.

Originalmente publicado em: Observatório da Imprensa

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Cepos Debates chega a Pelotas

Atividade reuniu militantes de movimentos sociais e contou com o apoio da Rádiocom 104.5 FM e do Sindicato dos Bancários de Pelotas e Região

O Grupo de Pesquisa Comunicação, Economia Política e Sociedade (Cepos) marcou presença em Pelotas no último sábado do mês de outubro, dia 30, véspera do segundo turno das eleições. O encontro ocorreu no Sindicato dos Bancários de Pelotas, tendo um bom quórum de participantes. A data não poderia ser mais propícia para o debate, pois a idéia do seminário era discutir a relação que se estabelece entre os donos da mídia e as forças políticas que atuam na sociedade nos dias de hoje. A proximidade com o pleito presidencial acabou rendendo boas análises de como estava ocorrendo a midiatização do processo eleitoral. Em clima de camaradagem e conversa franca, como é de praxe nos encontros promovidos pelo Cepos, todos puderam participar do debate, havendo espaço garantido para o contraditório, como pressupõe um bom embate de idéias.

Vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação (PPGCOM) da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), o grupo Cepos conta hoje com um total de 18 membros fixos, tendo como coordenador o professor Valério Cruz Brittos. Os encontros chamados de “Cepos Debates” ocorrem de forma descentralizada nas mais diversas regiões do Brasil, sobretudo nos lugares por onde transitam seus componentes. Alinhado a perspectiva da Escola de Frankfurt e tomando como um dos principais referenciais teóricos a Teoria Crítica, realizam-se discussões dentro e fora do ambiente acadêmico para ajudar a refletir, de forma sistemática, sobre o atual cenário das indústrias culturais e das políticas de comunicação no Brasil e no mundo.

Em Pelotas, os professores da Unisinos Valério Brittos e Bruno Lima Rocha, e o jornalista, Rodrigo Jacobus, utilizaram os estudos da Economia Política da Comunicação (EPC) como método de abordagem para pensar o direito à comunicação no Brasil. Brittos fez questão de enfatizar a importância de colocar teoria e prática para andarem lado a lado, “é preciso ultrapassar os limites institucionais e dialogar abertamente com os movimentos populares, pois o compromisso das pesquisas científicas é, sobretudo, um compromisso com a comunidade”, disse. Não só ele, como todos os pesquisadores presentes, ressaltaram a importância de deixar de lado as formalidades científicas e as titulações acadêmicas para, assim, permitir uma troca de conhecimento honesta. Segundo Rocha, “trata-se de um processo de construção mútua, cuja finalidade, principal, consiste na autonomia dos movimentos sociais ao desfraldarem, pela via direta, suas bandeiras de luta".

*Na foto acima estão sentados da esquerda para a direita: Bruno Lima Rocha (Unisinos), Valério Brittos (Unisinos), Rodrigo Jacobus (UFRGS) e José Luiz Moraes (RádioCom).

Fotos com os companheiros que ficaram até o final do evento













Créditos:
Banner do evento: criação de Andres Kalikoske
Fotos no corpo do texto: Carlos Alberto Brito Alves
Fotos de todo o grupo: Daniel Hammes (foto alinhada à esquerda), Eduardo Menezes ( foto alinhada à direita).

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